Um dos principais desafios da transição energética global é a redução das emissões de gases de efeito estufa, e o setor de transportes é responsável por grande parte destas emissões. No Brasil, em 2023, esse setor foi responsável por cerca de 10% das emissões totais e por 53% das emissões do setor de energia. Ainda mais preocupante é o fato de que, diferentemente de alguns setores, o transporte não tem apresentado sinais de redução nas emissões e nos últimos anos, houve, na verdade, uma crescente de 20% entre 2020 e 2023 (SEEG, 2025). Diante disso, ações voltadas ao transporte são essenciais para que o país cumpra os compromissos de descarbonização, como os estabelecidos no Acordo de Paris.
Nesse cenário, a adoção de veículos elétricos (VEs) surge como uma estratégia promissora. Quando associados a fontes de energia renováveis e de baixa emissão, como a geração hidráulica, solar e eólica, os VEs podem contribuir significativamente para a redução das emissões no setor de transportes.
De forma geral, considera-se veículo elétrico qualquer meio de transporte propulsionado total ou parcialmente por motores elétricos que utilizam energia elétrica como fonte primária. Isso inclui automóveis, trens, navios, aviões, entre outros. No entanto, neste artigo, o termo refere-se principalmente aos veículos terrestres que utilizam um ou mais motores elétricos alimentados por baterias eletroquímicas recarregáveis, como carros, ônibus e caminhões.
Além de ajudar a alcançar metas de redução de emissões, a adoção de veículos elétricos, aqui intitulada eletromobilidade, é impulsionada por tendências tecnológicas globais e por sua capacidade de responder a desafios econômicos, energéticos e de saúde urbana.
Os VEs, por exemplo, não emitem poluentes como monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e material particulado nos locais onde circulam. Esses poluentes estão diretamente associados a doenças respiratórias e cardiovasculares, especialmente em áreas urbanas com tráfego intenso (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2016). Outro benefício relevante é a redução da poluição sonora, já que os veículos elétricos operam com níveis de ruído significativamente inferiores aos dos veículos convencionais.
Do ponto de vista da eficiência energética, os VEs se destacam por serem até três vezes mais eficientes do que os veículos a combustão, graças à alta eficiência dos motores elétricos (SINGER et al., 2023). Isso significa que consomem menos energia para realizar o mesmo deslocamento. Além disso, demandam menos manutenção, pois possuem menos componentes móveis e dispensam sistemas complexos como escapamento, câmbio e injeção de combustível.
Sob a ótica econômica, há cenários que já demonstram a viabilidade dos veículos elétricos em comparação aos modelos a combustão. Entre os fatores que favorecem essa viabilidade estão a redução contínua no custo de aquisição, o menor custo por quilômetro rodado, considerando a vantagem da eletricidade sobre os combustíveis fósseis, e os custos anuais de manutenção mais baixos, decorrentes da simplicidade mecânica dos VEs.
Reconhecendo esses benefícios, a Cemig definiu a eletromobilidade como um tema estratégico e tem desenvolvido ações nesse sentido. Uma dessas iniciativas é a estruturação de um plano para eletrificação da frota de veículos a serviço da companhia. A primeira ação desse plano foi a publicação do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) 001/2025, que visa identificar soluções inovadoras para a eletrificação, descarbonização e desfossilização da frota da Cemig.
O PMI está avaliando propostas com viabilidade ambiental, técnica e econômica, abrangendo desde motocicletas até veículos pesados e implementos operacionais. São consideradas tecnologias como veículos 100% elétricos, híbridos plug-in, movidos a gás natural, biometano e hidrogênio verde. A iniciativa prevê, inclusive, testes em ambientes operacionais, com o objetivo de consolidar o uso dessas tecnologias no contexto de uma empresa do setor de energia elétrica.
Se a sua empresa desenvolve soluções para uma frota mais eficiente, elétrica e descarbonizada, participe dessa iniciativa! Em parceria com a Cemig, vamos dar esse importante passo rumo à transição energética no transporte e nas frotas.
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Referências
SEEG – Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa. Disponível em: https://seeg.eco.br/. Acesso em: 30 maio 2025.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Ambient air pollution: a global assessment of exposure and burden of disease. Geneva: WHO, 2016. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241511353. Acesso em: 30 maio 2025.
SINGER, Mark; JOHNSON, Caley; ROSE, Edward; NOBLER, Erin; HOOPES, Luna. Electric Vehicle Efficiency Ratios for Light-Duty Vehicles Registered in the United States. Golden, CO: National Renewable Energy Laboratory, 2023. (NREL/TP-5400-84631). Disponível em: https://www.nrel.gov/docs/fy23osti/84631.pdf. Acesso em: 4 jun. 2025.
Artigo escrito por Franz de Cassias Strobel
Gestor do Núcleo de Eletromobilidade
Foto: Freepik