Desafio 2

Meio Ambiente

Como aperfeiçoar a gestão ambiental de fluidos oleosos isolantes?

  • Publicado em: 06/05/2025
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Descrição da situação

Fluidos isolantes são utilizados para isolar, refrigerar e proteger os componentes dos equipamentos que compõe a infraestrutura do sistema elétrico. O óleo mineral isolante (OMI) é atualmente o principal meio solante, mas mais recentemente os ésteres naturais isolantes (ENIs) começaram a ser usados como alternativa por suas características renováveis. A quantidade de óleos isolantes presente no sistema da Cemig é de aproximadamente 61 milhões de litros, distribuídos em equipamentos de diversos portes.

Cada tipo de fluido tem características, vantagens e desvantagens próprias, que influenciam o projeto de seus equipamentos, desempenho e tempo de vida. Analisá-los comparativamente, considerando todo o seu ciclo de vida, e do equipamento no qual estão armazenados, é essencial para aprimorar o desempenho ambiental do sistema elétrico. Este monitoramento é feito para evitar a contaminação do meio ambiente pelo vazamento destes materiais, que é considerada uma falha operacional grave e limitada a ocorrências imprevistas.

Para cumprir com estas obrigações, dispõe-se de formas de contenções secundárias passivas (que não dependem de ações humanas) e ativas (como aplicação de materiais absorventes). No entanto, eventualmente, pode haver merejamentos ou derramamento desses fluidos em corpos d’água. Mesmo após a utilização das medidas de contenção, quantidades residuais de óleo podem permanecer nos corpos d´água, sendo necessária a utilização de dispersantes para eliminar estes resquícios.

No entanto, há atualmente 3 produtos registrados para utilização no mar, não havendo ainda material registrado para uso em água doce, adaptado às condições da área de atuação de CEMIG. Este desafio consiste em realizar uma avaliação de ciclo de vida comparativa entre OMI e ENI e registro de dispersante(s) ou similar(es) que possa(m) ser utilizado(s) em água doce, como previsto na Portaria Normativa nº 64-N de 1992 do Ibama.

Quais as causas

Contaminações por óleo podem ocorrem por motivos diversos, como furtos e abalroamentos causados por terceiros, causas naturais, como raios, faltas da rede, falhas na montagem de equipamentos novos e manutenção de equipamentos antigos, dentre outros. No entanto, o uso de dispersantes ou similares é considerado uma resposta complementar, realizado somente após que a aplicação de técnicas mecânicas de contenção e recolhimento se mostrarem insuficientes.

Nesse sentido, é necessário embasar da melhor maneira possível o uso destes produtos, para evitar que seja feito o uso indiscriminado de produtos químicos que podem ocasionar danos ambientais tão nocivos quanto os derramamentos de óleo em si. Para isso, a análise comparativa entre os produtos OMI e do ENI é importante, já que a utilização do ENI no sistema elétrico é relativamente recente, e sua performance foi pouco estudada até o momento. Dessa forma, para uma avaliação ambiental robusta, há de se considerar todo o ciclo produtivo, que inclui fabricação, uso e destinação final dos fluidos e dos equipamentos em si, e os pilares da sustentabilidade (aspectos ambiental, social e econômico). Finalmente, é necessário regulamentar o uso dos dispersantes nas condições encontradas nas regiões de atuação da Cemig, segundo a legislação aplicável.

Efeitos e consequências

Em caso de vazamento de fluidos oleosos em corpos d’água, os resíduos se espalham rapidamente sobre a superfície da água, formando uma película que reduz a troca gasosa, podendo comprometer processos essenciais para a vida aquática, como a fotossíntese do fitoplâncton, que é a base da cadeia alimentar.

Além disso, muitos peixes absorvem os compostos, que podem se acumular em tecidos e serem transmitidos ao longo da cadeia alimentar, em um processo de magnificação trófica. Isso pode resultar em impactos tanto na fauna quanto na população humana do local, gerando danos tanto ambientais quanto sanitários e sociais nas regiões afetadas, especialmente em comunidades que dependem da pesca e do turismo. Em casos de vazamentos graves, pode haver limitações no abastecimento de água para consumo humano, irrigação e uso industrial.

Por outro lado, a falta de conhecimento do ciclo de vida, da ecotoxicidade e da degradação ambiental dos ENIs impede a criação de uma cadeia de economia circular para estes compostos. A regeneração do OMI, por outro lado, é prática amplamente difundida no setor elétrico, e este processo de tratamento permite a reutilização do óleo por inúmeras vezes através da recomposição de suas condições físico-químicas até um ponto idêntico a um óleo novo. Isso reduz a quantidade de resíduos gerada e a necessidade de aquisição de materiais novos, que consumiriam mais recursos naturais, sendo um processo de grande
importância ambiental.

Definição de problema resolvido

Espera-se com a resolução deste desafio que os processos decisórios de escolha da substância
adequada para cada situação sejam aprimorados, de forma a otimizar o desempenho ambiental da Companhia. Devem também ser feitas propostas para tratamento, reutilização e descarte dos fluidos, para embasar a criação de economia circular destes compostos. Espera-se ainda que, como forma de prevenção do impacto ambiental de vazamentos, seja feito o registro de dispersantes de água doce no Ibama.

Soluções já testadas

incluiu a avaliação da composição química em ácidos graxos dos ENIs envelhecidos em estufa, em diferentes temperaturas e tempos. Adicionalmente, há referências bibliográficas, que estão listadas a seguir, que descrevem ACVs de fluidos isolantes. Essas soluções, no entanto, não consideraram asquestões de regeneração do fluido e aspectos de ecotoxicologia. A Cemig já tentou minimizar o óleo residual remanescente em equipamentos, com testes de diferentes materiais absorventes e realização de
simulados em usinas, visando aprimorar a efetividade das ações. No entanto, mesmo com ação rápida, resquícios de óleo podem não ser absorvidos pelos materiais absorventes atualmente utilizados. químicos.

Hipótese de solução

Considera-se que é necessário, para a resolução do desafio, a realização de ACVs dos fluidos isolantes estudados, que incluam as seguintes etapas:

• Avaliação da viabilidade técnica e de eficiência da regeneração dos ENIs, com caracterização dos óleos novos, usados e regenerados;
• Análise comparativa da performance e ACV de OMI e de ENIs, evidenciando seus benefícios, malefícios, em quais situações cada fluido é mais adequado, além de avaliação ecotoxicológica.

Quanto aos dispersantes de óleo, as possíveis estratégias incluem o teste dos materiais já registrados no Ibama para utilização no mar em corpos de água doce, ou o registro de produtos utilizados internacionalmente, sendo necessária a toda a caracterização prevista na Instrução Normativa nº 1 de 2000, que inclui testes de eficiência, de toxicidade (adequada para espécies de água doce), de biodegradabilidade, e testes de campo, dentre outros. Idealmente, pode ser proposta o projeto de instalação de barreiras automáticas para contenção de vazamentos e de sistemas dispersantes nas unidades de maior criticidade da Cemig, o que reduziria o tempo de resposta e minimizando os impactos ambientais. Sugere-se implantação desse sistema na Usina Hidrelétrica de Três Marias.